[Gênesis 4.25, 26]

Volte no tempo para um pouco depois da morte de Abel. O anseio por um descendente capaz de derrotar o mal ainda pulsava em Adão e Eva. Já em Sete, vê-se um anseio por humildade no nome que ele dá a seu filho, Enos (mortal), indicando sua fraqueza e dependência como criatura. Surge, nessa linhagem, uma resposta à cultura da autoglorificação e da autogratificação (v. 26b). Isso não diz respeito só a uma religião organizada. Há momentos em que autores bíblicos intencionalmente escolhem palavras com sentido duplo, como a traduzida por “invocar”. Em outro texto, é usada da mesma forma, mas traduzida como “proclamar” (Is 61.1). Então a resposta à cultura cainita não podia ser só chamar Deus para si (religião pessoal), mas anunciá-lO a todos (missões), um confronto direto contra quem ergue o punho em desafio ao Criador. “Essa tarefa de invocar/proclamar, de exemplificar o temor e conclamar ao temor em relação a Deus surge em Gênesis e vai até o Apocalipse, passa pelo monte Sinai e pelo monte Sião, exige confrontação em Canaã e nos confins da terra…” (Carlos Osvaldo Cardoso Pinto).

Quem ousa servir a Deus inevitavelmente entrará em confronto com a cultura do homem caído, seja em casa, na igreja, no ambiente acadêmico ou profissional, no campo missionário. Entretanto, quem ousa confrontar a cultura caída com o evangelho tem o privilégio de ver, cedo ou tarde, como a graça a revoluciona e transforma, começando no indivíduo, passando para a família e, às vezes, toda uma comunidade.

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