DIÁRIO DE HORA SILENCIOSA

Semana 44 – Quarta-feira

[2 Coríntios 4.16-18]

O desânimo é o primeiro passo para a desistência. Um atleta desanimado é um atleta frustrado. Imagine a vida como uma corrida com barreiras. Você está correndo, mas parece que, em vez de superar os obstáculos, você só tropeça. A torcida vaia, e a sensação é de fracasso total. O que faz um corredor se superar e atingir sua meta? Perspectiva. É ela que determina tanto o objetivo como a estratégia. Paulo nos ensina que a vida cristã é um enduro: há desafios e surpresas pelo caminho acidentado. Sofremos com doenças e com o pecado, o nosso e o dos outros. Somos traídos, machucados, ficamos decepcionados. Vamos morrer: o “desgastar” do verso 16. Contudo, não desanimamos; levantamos e continuamos correndo. E por quê? Perspectiva. Leia novamente os versos 17 e 18: do ponto de vista humano, a coisa é feia mesmo! Mas, qual é o termo de comparação de Paulo? Eternidade, glória sem fim. Daí vem a estratégia para superarmos as dificuldades: fixar os olhos na verdadeira realidade do cristão, os valores do mundo invisível.

Parece utópico, mas não é. Pensar no céu ajuda a vencer a luta na terra porque é para lá que corremos. O céu é a nossa linha de chegada. É o reino dos vitoriosos. Durante a corrida, o atleta olha para a barreira o suficiente para calcular o salto, mas seu pensamento se concentra em romper a faixa e receber o prêmio. Não se distrai com o adversário nem com a multidão (Fp 3.14). Qual é a barreira que você precisa superar hoje?

Semana 44 – Terça-feira

[2 Coríntios 4.8-12]

Imagine um presente cuja embalagem valha mais que o conteúdo. Não seria estranho? É exatamente disso que 2Coríntios 4 trata! Os vasos de barro eram lâmpadas que podiam ser compradas por apenas duas moedas de cobre no mercado. Serviam para iluminar as casas; seu conteúdo era fogo ateado em óleo. Frágeis, quebravam-se e eram substituídos facilmente. Não tinham muito valor, mas desempenhavam uma função importante: iluminar o ambiente. Hum, isso explica muita coisa. O valor do vaso estava no fogo do seu interior (4.7)! Por isso, o “sofrimento” do vaso e mesmo a sua perda total (a morte) eram secundários para o apóstolo, porque, destruída a “embalagem”, haveria mais luz! Para ele, o que realmente importava era Cristo ser pregado com fidelidade, não importando o dano pessoal! O valor estava na luz, no brilho da glória de Deus (4.6). Por isso, apanhar e sofrer perseguição e abandono, apesar de causar perplexidade (e muita dor), não eram motivos suficientes para fazer Paulo desistir (4.8, 9). Ele sabia ser vaso de barro: quanto maior a rachadura de pancada, mais apareceria o brilho de Jesus pelas frestas.

Esse morrer nada mais é do que a prática do “carregar a cruz” (Mt 16.24). É isso que a “morte” significa aqui: como Jesus, Paulo deu a vida por irmãos ingratos (4.10, 11): os coríntios eram a causa do sofrimento sacrificial de Paulo (4.12). E você, vaso de barro do século XXI, como reage quando alguém o ofende ou magoa na igreja? Morde ou morre?

Semana 44 – Segunda-feira

[1 Pedro 4.12-19]

Um fato inusitado na Bíblia aconteceu com Jesus no ano 30 d.C.: o Espírito Santo desceu sobre Ele no batismo (Lc 3.22; Jo 1.32). O mesmo Espírito veio sobre os discípulos reunidos em oração em Jerusalém (At 2.1-4). A vinda do Espírito inaugurou a era de transformações sociais e religiosas em todos os cantos do Império Romano. A pregação do evangelho suscitou antipatia contra os cristãos. Eles destoavam do modus vivendi do primeiro século. Suas reações, escolhas e palavras denunciavam a idolatria e a libertinagem greco-romanas, bem como o legalismo frio e intolerante dos judeus. O evangelho anunciava um reino diferente, que exigia arrependimento dos pecados e lealdade ao Crucificado. O resultado? Sofrimento. Perseguição. Os crentes ficaram assustados com a reação do povo. Pedro escreve: “Não estranhem o fogo ardente! Vai vir provação, gente boa!” E ele os pastoreia, animando-os a olharem pela ótica correta: “Se vocês estão sofrendo por causa de Jesus, isso é prova de que partilham do mesmo Espírito que habitou em Cristo! Vocês estão cumprindo seu papel de testemunhas, sofrendo pelo que vale a pena sofrer!”

Pense agora nas gozações e na rejeição que você experimenta (espero) por ser um cristão fiel no seu ambiente de atuação (v. 15). É difícil suportá-las, não (v. 16)? Fica a dica: você que partilha do Espírito da glória, sofre pela vontade de Deus (1Pe 4.19). Quando bater aquela vontade de recuar, conte tudo ao fiel Criador e persevere! Você está em excelente companhia.

Semana 43 – Domingo

[Gênesis 14.17-24]

É possível envolver-se com política sem enrolar-se em política? Abraão conseguiu. Ele agiu corajosamente ao liderar uma operação militar de resgate contra Quedorlaomer e seus vassalos (v. 17). O patriarca foi arrojado e prudente ao organizar suas forças e partir ao ataque no momento mais oportuno. Finalmente, demonstrou grande sabedoria ao negar uma tentadora oferta do rei de Sodoma (v. 21). Para Abraão, ofertar o dízimo ao Deus Altíssimo (v. 20), alimentar seus servos e retribuir financeiramente aqueles que arriscaram a vida debaixo de seu comando (v. 24) fazia todo sentido. No entanto, sabia que enriquecer-se com os bens do povo de Sodoma mancharia a nobreza de sua iniciativa, lançaria dúvidas sobre suas reais motivações e o comprometeria desnecessariamente com o rei de Sodoma (v. 23).

Dentro de uma democracia, exercemos alguma influência no sistema, por menor que seja. A tentação de aumentar essa influência ou ao menos sua eficácia pode nos levar a tolerar o intolerável, relativizar o absoluto e abraçar causas que se opõem às causas do reino de Deus. Antes de sermos cidadãos de um país somos súditos de um Reino. Seu envolvimento político o tem enrolado? Você sabe de algum crente que precisa de oração nessa área? Ore por ele. 

Semana 43 – Sábado

[Lucas 23.1-25]

Nem toda unidade é boa. Herodes e Pilatos eram inimigos, mas viram no julgamento de Jesus uma oportunidade de benefício mútuo e, a partir daquele dia, tornaram-se amigos (v. 12). Ambos precisavam mostrar serviço, garantindo a confiança da população local e do imperador. Se fosse necessária uma injustiça, estavam dispostos a fazê-la. Primeiramente, Pilatos lançou mão da tecnicalidade das jurisdições do império e optou por enviar Jesus a Herodes (v. 7). Após um interrogatório malsucedido (v. 9), Herodes, além de ridicularizar Jesus, O mandou de volta a Pilatos (v. 11), não desagradando totalmente aos acusadores locais com uma absolvição, nem assumindo a responsabilidade final pela morte de um inocente. No intuito de protegerem a si mesmos e um ao outro, tanto Herodes, ainda que indiretamente, como Pilatos, ainda que sem desejar fazê-lo (v. 20), uniram-se condenando Jesus à morte.

Nos nossos dias candidatos fazem coligações, circulam entre diferentes filosofias nas chamadas janelas partidárias e lutam para convencer o povo a se tornarem seus eleitores. É verdade que os cristãos são chamados a terem paz com todos, no entanto não podemos nos esquecer das palavras que antecedem essa instrução: “se possível” (Rm 12.18). Do mesmo modo que podemos nos unir para o bem, podemos nos unir para o mal (Gn 11.6). Você tem buscado unidade? A que preço? Não negocie os valores da Palavra de Deus.

Semana 43 – Sexta-feira

[2 Crônicas 36.22, 23][Isaías 45.1-7]

O cumprimento da profecia de Jeremias por meio de Ciro (2Cr 36.22) certamente encheu o coração do povo de Deus de alegria. A esperança dada por meio do fiel profeta Jeremias cumpria-se através do líder pagão Ciro, que, apesar de não reconhecer a Deus (Is 45.4), era conhecido por Deus e chamado pelo nome (Isaías 45.3). Governantes descrentes também são úteis nas mãos de Deus, não apenas na transmissão de sabedoria, como vimos, mas na execução do juízo e até à frente de nações. Ao usar crentes e descrentes no cumprimento de Seus propósitos, Deus demonstra Sua fidelidade, sabedoria e soberania sobre a história.

Embora governantes, tanto crentes como descrentes, possam ser úteis nas mãos de Deus, lembre-se que é o justo Deus quem age ao levantá-los e há de julgá-los no futuro. A utilidade de tais indivíduos não comprova sua conversão, não determina seu destino eterno e certamente não os deifica como se estivessem acima do bem e do mal. Somente Deus é inquestionavelmente bom, confiável e salvador de todos os homens, em especial dos que creem (1Tm 4.10). Esse é o Deus cujo caminho é perfeito e cuja palavra é comprovadamente genuína; o Deus que é um escudo para todos os que nEle se refugiam (Sl 18.30). Você tem estimado excessivamente pessoas que Deus já usou no passado? Peça perdão por isso. Interceda pela santidade dessa pessoa, se já convertida, ou pela sua conversão, se descrente.

Semana 43 – Quinta-feira

[2 Crônicas 35.20-27]

Os acertos do passado (v. 20a) não impediriam Josias de errar no futuro (v. 20b). Deus estava falando com ele por meio de Neco, pois Ele pode sim falar usando alguém que não O conhece. “Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem” (Salmo 24.1). Note que Neco não estava se levantando contra o povo escolhido de Deus, nem o obrigando a quebrar ou contradizer algum mandamento divino. Sua palavra ao rei Josias tratava-se de um rumo estratégico legítimo diante de Deus (v. 21). É certo que neste caso essa instrução não só poderia como deveria ter sido seguida, tanto que sua rejeição custou a Josias a própria vida (vv. 23, 24).

Você tem ignorado os conselhos e a sabedoria de pessoas competentes por não pertencerem a Cristo? Cuidado. É preciso lembrar que Deus pode falar conosco por meio daqueles que não O conhecem. Seus conselhos, muitas vezes, podem ser acatados legitimamente pelos cristãos. Contudo a esfera de influência de conselhos acatáveis deve se limitar a estratégias que não se oponham nem distorçam a Palavra de Deus. Fique atento. Deus pode estar falando a você, ou à nação pelos lábios de alguém que (ainda) não O conhece.