DIÁRIO DE HORA SILENCIOSA

Semana 35 – Quarta-feira

[Gênesis 4.9-13]

Independente de contexto cultural, há dentro de todo homem um anseio por justiça e retribuição, até que ele mesmo se torne alvo delas. De novo Deus aborda Caim, chamando-o a refletir e admitir aquilo que Ele já sabia. De novo Caim responde com desdém e uma pífia tentativa de dissimulação. (Fala sério! A quem ele estava tentando enganar?… E você não faz o mesmo, esquivando-se de perguntas que o forçam a admitir seus pecados? Fala sério. A quem você está tentando enganar?) O veredito e a pena são duros – a intensificação da maldição de Gênesis 3.17 e o exílio das proximidades do jardim do Éden. Caim foi condenado a ser um vagabundo (i.e., que vagabundeia ou tem vida errante; nômade). Aí vem tendência de recorrer a outra instância ou fazer o que seja para escapar da sentença. Que pena… não havia outra instância. É nessas horas que vemos como somos parecidos com Caim. “Ai! Você está me comparando com um assassino?!” Claro que sim. Caim só levou a cabo o que a maioria de nós só faz em pensamento ou palavras. E nós agimos do mesmo jeito na hora de enfrentar as consequências do nosso pecado.

Dizemos que queremos justiça, mas não reconhecemos que a justiça é universal, não é só aplicável àqueles que são “piores do que nós”. Então, quando você se vir ansiando por justiça contra os corruptos e assassinos, aproveite para examinar sua própria conduta, confessar seus pecados a Deus (e a quem você prejudicou, se for o caso) e agradecer que a justiça dEle para você recaiu em Jesus.

Semana 35 – Terça-feira

[Gênesis 4.6-8]

Abel não tinha feito nada contra Caim – nada indica que Abel o tenha provocado, ferido ou menosprezado. Então por que tanta fúria? Deus sabia o que estava no coração de Caim. Mesmo assim, questiona-o, como que para fazê-lo refletir sobre sua própria atitude e admitir seu erro (veja também Gn 3.9, 11). O fato é que Caim não tolerava ser rejeitado enquanto Abel era aceito. Por isso a orientação de Deus – quem quer ser aprovado por Ele precisa se negar e rejeitar o pecado, especialmente na situação em que estava Caim: decepcionado e transtornado. Aqui, então, vemos as raízes da guerra: vou eliminar aquele que me humilhou, eliminar aquele que tem o que eu quero… Isso lhe soa familiar? Caim já tinha declarado sua independência de Deus ao decidir ele mesmo o que era uma oferta adequada. Ele insiste em rejeitar o conselho do Criador ao usar de dissimulação e violência para satisfazer sua fúria.

Tanto em Gênesis 3 quanto na atitude de Caim, a raiz do pecado está na vontade de tomar decisões a despeito de Deus. Ao seguir nossa própria vontade, mesmo que seja pelo motivo mais banal, cedemos a esse imperativo nefasto que mergulhou o mundo no caos em que ele se encontra. É por esse e outros motivos que a cada dia precisamos lutar contra o pecado, contra nossas próprias vontades para seguir o conselho de Deus. A nossa grande vantagem agora é que temos o poder dEle em nós para lutar e vencer. Reflita no verso 7 e busque o poder do Espírito Santo para fazer o bem, isto é, o que Deus quer.

Semana 35 – Segunda-feira

[Gênesis 2.16, 17][Gênesis 3.21][Gênesis 4.3-5]

Outra instituição fundamental da sociedade é a religião, a expressão prática daquilo em que se crê sobre o transcendente/divino e o propósito da humanidade. Antes da queda, vê-se apenas aspectos dela na forma de Adão e Eva lidarem com as ordens de Deus e no fato de reconhecerem os “passos do Senhor Deus” como algo familiar (Gn 2-3). (Não se sabe quanto tempo Adão e Eva permaneceram na inocência. Cogita-se que não teria sido muito.) A prática religiosa se torna mais explícita e necessária depois do pecado, quando Deus estabelece um padrão a ser seguido para o homem manter comunhão com Ele (3.21), o qual é seguido por Abel (4.4). Após o pecado de Adão e Eva, foi Deus quem lhes providenciou uma solução para o pecado (um sacrifício) e para a nudez (as peles dos animais sacrificados). O sacrifício de Abel, então, expressou sua certeza de que a adoração se faz mediante um sacrifício. A aprovação de Deus expressou o tipo de sacrifício que Lhe era aceitável.

A religião implica muito mais do que rituais individuais ou coletivos. Ela envolve o relacionamento com o que se considera divino (ou, no mínimo, permanente), e isso afeta a ética pessoal, as perspectivas sobre vida e morte, princípios para interação social, objetivos pessoais; enfim, todos os aspectos da vida. Ou seja, se o seu relacionamento com Deus não afeta em nada a sua vida fora da igreja ou “pós-hora silenciosa”, você precisa reavaliar em que você realmente crê.

Semana 34 – Domingo

[Gênesis 9.18-29]

É interessante notar que a tônica deste trecho das Escrituras não está na embriaguez de Noé, e sim na atitude de seus filhos. Mesmo que Noé tenha pecado em se embriagar, a atenção se volta para o contraste entre os filhos ao verem o pai nu: Cam foi contar para os irmãos em atitude de deboche, enquanto Sem e Jafé fizeram o que deveriam fazer, cobrindo a nudez do pai. Como consequência, após a embriaguez, Noé amaldiçoa Cam por sua atitude desrespeitosa. Respeitar ou não nossos pais é uma questão do caráter. Na vida de todo crente, o caráter deve ser forjado à luz da palavra de Deus, afinal tudo o que o Pai celeste deseja para nós, Seus filhos, está nas Escrituras. Jamais devemos resistir às verdades eternas que a Bíblia descreve como padrão de conduta para os filhos de Deus. Não há limites para respeitarmos nossos pais. Aliás, uma das facetas do mandamento de honrar pai e mãe, de Êxodo 20.12 é exatamente o respeito.

Você tem faltado com respeito para com os seus pais? Consegue identificar as áreas de sua vida e os momentos em que isso ocorre? Lembre-se que honrar pai e mãe é um mandamento. Com essa verdade em mente, quais atitudes práticas você pode tomar para corrigir algum “desvio de rota”?

Semana 34 – Sábado

[Mateus 20.20-28]

Dizem que elogio de pai e mãe é suspeito. De fato, os filhos são o orgulho dos pais, o que pode gerar problemas decorrentes de uma visão distorcida dos fatos. Tiago e João eram discípulos de Jesus. Quando o ministério do Messias estava próximo de seu ápice na cruz, a mãe dos dois fez o insólito pedido a Jesus de que seus filhos ocupassem lugar de destaque no Reino. A resposta de Jesus não poderia ser diferente; o que aquela mãe estava pedindo era um grande equívoco. Quando Jesus pergunta aos dois se poderiam se identificar com Jesus em todos os seus sofrimentos, eles responderam que sim, confirmando sua ignorância e incomodando os demais discípulos. Jesus encerra o assunto exortando que todos buscassem servir em vez de procurar honra. A lição de hoje baseada nesse texto é que nem sempre as pessoas ao nosso redor, incluindo os nossos pais, nos darão conselhos segundo as verdades da Bíblia. Por mais amorosas e cheias de boas intenções que sejam suas palavras, elas precisam ser medidas à luz da eterna Palavra de Deus.

Em Atos 17 lemos que, quando Paulo chegou à cidade de Bereia, pregou o evangelho aos judeus que, por sua vez, antes de aceitarem tudo como verdade, foram conferir nas Escrituras. Antes de acatarmos bons conselhos e opiniões, mesmo que de nossos pais, devemos verificar se estão de acordo com a Palavra. Você tem examinado e filtrado os conselhos e opiniões que recebe à luz da Bíblia? Esforce-se em conhecer profundamente as Escrituras.

Semana 34 – Sexta-feira

[2 Samuel 13.1-22]

Partindo do princípio de que todos somos pecadores, conforme Romanos 3.23, concluímos que ninguém é perfeito. Ora, se ninguém é perfeito, podemos dizer que nossos pais também não são. O grande rei Davi, chamado de o “homem segundo o coração de Deus” em 1Samuel 13.14, errou feio. Entre algumas de suas atitudes pecaminosas, lemos em 2Samuel 11 seu adultério com Bate-Seba. Esse pecado se tornou público, causando (imaginamos) grande tristeza no povo e nos familiares do rei e de sua parceira de adultério. Porém, os filhos de Davi também cometeram pecados. Em um marcante episódio de rebeldia, Amnom violentou sexualmente sua meia-irmã Tamar. No entanto, um erro não justifica o outro. Não é por que meus pais erraram que eu estou autorizado a errar. Cada pecado se torna uma ofensa primeiramente contra Deus. Em segundo lugar, todo pecado gera consequências para a vida de quem o praticou. Não caia na armadilha de amenizar seus pecados sob o pretexto de que seus pais também erraram com você. Cada um é responsável pelos próprios erros diante de Deus.

Seus pais já cometeram algum pecado, como adultério ou divórcio, que ainda hoje afeta a sua vida? Experimente perdoar. Você já cometeu algum pecado sob a desculpa de que “meus pais erraram também”? Peça perdão a Deus e livre-se desse engano.

Semana 34 – Quinta-feira

[1 Samuel 1.1-8][1 Samuel 2.19-21]

Deus nunca apoiou a poligamia. Quando criou o homem e a mulher, Ele o fez para que ambos se completassem de maneira exclusiva, conforme lemos em Gênesis 2.24. Porém, percebemos no Antigo Testamento que essa prática se tornou presente mesmo entre o povo de Deus. Neste episódio, Elcana se encontra diante de um desdobramento da sua própria poligamia: uma esposa satisfeita, com filhos, provocando a outra, que não tinha filhos. É certo que, como lemos no salmo 103.10, Deus “não nos retribui conforme as nossas iniquidades”. Se não fosse assim, já estaríamos consumidos. Deus agiu com misericórdia para com Ana e ela engravidou. Samuel nasceu e serviu exclusivamente ao Senhor. Após o nascimento de Samuel, Ana gerou mais cinco filhos. As misericórdias do Senhor jamais devem ser entendidas como um aval para continuarmos praticando aquilo que já sabemos ser pecado. Não podemos “continuar pecando para que a graça aumente”, conforme Romanos 6 verso 1. Quando somos alvos da graça e da misericórdia do Senhor, devemos encará-las como oportunidade de recomeçar fazendo o certo para a glória de Deus e para o bem dos nossos.

Você consegue perceber a misericórdia de Deus sobre sua família? Como você tem buscado corrigir seus erros no ambiente familiar? Aliste todos os princípios bíblicos para a família que você já aprendeu e estabeleça metas de como cumpri-los.