DIÁRIO DE HORA SILENCIOSA

Semana 27 – Quarta-feira

[Ezequiel 4.1-16]

Ezequiel é bastante conhecido por seus atos simbólicos e representações da mensagem transmitida à nação (Ez 5.1-4; 12.1-20; 24.15-27). No texto de hoje, ele é chamado a representar “os anos da iniquidade” da nação de Israel e de Judá (vv. 5-7). Há muito debate entre os estudiosos se esses anos representam o tempo futuro de castigo (os anos de domínio estrangeiro no verso 8, de 597 a.C. – o cativeiro do rei de Judá – até 167 a.C., período aproximado da revolta dos macabeus e libertação de Judá) ou o tempo passado de pecado (o verso 5 remontando aproximadamente ao início do reinado de Davi, 430 anos antes). O fato é que as ações simbólicas do profeta deixam claro para a Judá de sua época que o povo receberia o castigo correspondente aos seus erros. Algumas pessoas tinham expectativa de que o cativeiro não duraria muito tempo (Ez 33.23-33), mas o Senhor revelou que o castigo era certo e duradouro (v. 8).

O fato de sermos alcançados por Deus apenas por Sua graça não significa que, como Pai amoroso, Ele deixe de nos disciplinar quando Lhe desobedecemos. Ao contrário, o Senhor nos disciplina porque somos “filhos legítimos” (12.8). Em sua oração, peça a Deus que lhe dê um coração sensível para situações de crise e dificuldades em que Ele deseja chamar sua atenção. C. S. Lewis disse que Deus sussurra em nossos ouvidos em momentos de prazer; já no sofrimento, Ele “grita” para chamar nossa atenção a Si.

Semana 27 – Terça-feira

[Ezequiel 3.16-27]

No mundo antigo, as grandes cidades eram cercadas com altas muralhas para a segurança dos seus moradores. Sobre essas muralhas ou nas torres ligadas a elas ficavam as sentinelas ou vigias, que tinham a função de advertir caso avistassem a aproximação de algum exército adversário. O Senhor compara o ministério profético de Ezequiel com o trabalho de uma sentinela: ele deveria advertir os homens do juízo iminente de Deus por causa de seus pecados. Embora cada pessoa fosse responsável por sua resposta à revelação divina (vv. 19, 21), era papel do profeta anunciar essa revelação e dar a essas pessoas a oportunidade de arrependimento e mudança. Não cumprir a tarefa de transmitir a mensagem tornava Ezequiel culpado de desobediência (vv. 18, 20).

Anunciar a verdade de Deus é uma tarefa que Ele também nos confiou. O Novo Testamento está repleto de mandamentos para admoestarmos e instruirmos uns aos outros (Gl 6.1; Cl 3.16; 1Ts 5.14, 15). Além disso, a Grande Comissão de Jesus demanda que anunciemos o evangelho ao mundo e façamos discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20). Há algum ímpio com quem você convive que ainda não ouviu a mensagem de Deus sobre o pecado e a graça de Jesus? Existe algum irmão em Cristo próximo a você que tem praticado ações que desonram a Deus e precisa ser confrontado para não ser “endurecido pelo engano do pecado” (Hb 3.12, 13 – ARA)?

Semana 27 – Segunda-feira

[Ezequiel 2.1-9] [Ezequiel 3.1-15]

Depois de ter se prostrado diante da glória do Senhor no capítulo 1, Ezequiel só conseguiu se levantar com a ajuda do “Espírito” de Deus (v. 2). O Senhor havia reservado um ministério árduo para ele: proclamar a revelação divina a uma nação rebelde e hostil (vv. 3-5) que poderia abandoná-lo (v. 6). O rolo que Ezequiel deveria comer era “doce como mel” (Ez 3.1-3) e representava a revelação de Deus a ser anunciada ao povo. Outros textos do Antigo Testamento comparam a Palavra de Deus com o “mel” (Sl 19.10; 119.103). No entanto, como a nação de Israel era “rebelde” (vv. 3-5) e não estaria disposta a “ouvi-lo porque não quer me ouvir” (3.7), a mensagem a ser anunciada estaria repleta de “palavras de lamento, pranto e ais” (v. 10). Ezequiel teria um ministério muito difícil e que poderia gerar “medo” no profeta ou deixá-lo “apavorado” diante da hostilidade de seu povo (3.9; cf. 2.6). Mas ele não deveria temer “essa gente” nem “suas palavras” (v. 6), cumprindo simplesmente o que o Deus glorioso e cheio de majestade do capítulo 1 lhe havia ordenado fazer.

Fazer a vontade de Deus em algumas situações poderá gerar hostilidade de quem não está disposto a cumprir o que Deus ordena, mas devemos nos preocupar unicamente com o que Ele pede de nós. Só a Ele devemos temer. Pense em situações de hostilidade ou dificuldades que você enfrenta por servir a Deus ou proclamar a verdade dEle. Ore a Deus, pedindo que lhe dê coragem para servi-lO apesar de oposições e adversidades.

Semana 26 – Domingo

[Hebreus 11.39] [Hebreus 12.1]

Qual a relação entre a fé tratada em Hebreus 11 e a disciplina de Deus, que veremos em Hebreus 12? A relação está em que é impossível suportar a disciplina do Senhor sem crer nas Suas promessas e propósitos. A correção de Deus na vida de um crente (disciplina) pode durar anos, ou toda uma vida. Imagine um rapaz, filho de Deus, que resolve tirar um “racha” de carro, mas bate, mata algumas pessoas e fica paraplégico. Ainda que ele se arrependa e entenda que Deus está usando a consequência de seus atos para transformá-lo, terá que passar o resto da vida numa cadeira de rodas. Só a fé em Cristo para que seu coração não se encha de ódio e se volte contra Deus. Só uma fé sincera o levará a reconhecer seu pecado. Só uma fé poderosa o ajudará a aprender com o erro e a pedir perdão para as famílias das vítimas. Além disso, a Bíblia nunca escondeu os pecados e crises espirituais das pessoas listadas em Hebreus 11, o que mostra que a fé que agrada a Deus não significa uma fé perfeita, mas que está sendo aperfeiçoada. O mau exemplo deles não atenua nossa busca por santidade, mas lembra que seus sofrimentos eram parte da obra de Deus na vida deles também.

As pessoas de Hebreus 11 foram provadas em seu limite, mas porque creram nas promessas de Deus (embora nem sempre entendessem Seus propósitos), foram grandemente usadas, além de moldadas e aperfeiçoadas. Quais promessas divinas você tem esquecido em seu sofrimento, pequeno ou grande? É hora de se voltar para a Palavra.

Semana 26 – Sábado

[Hebreus 12.12, 13][Provérbios 4.26, 27]

Os versículos de hoje nos lembram de que Deus nos disciplina visando não apenas o nosso bem, mas também dos nossos irmãos em Cristo. Os hebreus estavam desanimados e abandonando a fé para voltar à comodidade sem vida da religião judaica. A perseguição que estavam enfrentando era um forte fator de desmotivação, mas espere! eles não estavam sozinhos. O fato óbvio de que as lutas de ser cristão não são apenas nossas, além de dar esperança (1Pe 5.9), lembra que ficar firme em Cristo faz bem também aos outros. O versículo 12 pode parecer apenas um conselho geral de “não fique assim, reaja”, mas seu sentido é esclarecido pelo verso seguinte. Não somos apenas doentes precisando de cura; somos agentes morais responsáveis por obedecer a Deus, mesmo em meio ao sofrimento. O versículo 13 toma uma exortação moral de Provérbios para nos lembrar de que o desânimo e a apostasia andam de mãos dadas. Alguém cansado e desencorajado está mais suscetível à própria carne, ao mundo e ao diabo. Buscar forças em Cristo é uma ordem de Deus aos desanimados; uma vez obedecida, o efeito será o fortalecimento do manco, aquele que também está vacilante.

É normal que o desânimo e a prostração se abatam sobre os crentes, individualmente ou no corpo de uma igreja local. O que fazer? Apegue-se a Cristo com todas as suas forças. Ore, jejue, busque a Palavra de Deus. Sonde seu coração, confesse pecados e confie a Ele áreas de tentação. E aguarde o impacto do seu despertar na vida de outros irmãos.

Semana 26 – Sexta-feira

[Hebreus 12.11]

Se a disciplina não nos deixasse tristes, não seria disciplina. Ficamos tristes porque reconhecemos que pecamos e lamentamos as escolhas que fizemos. Ficamos tristes porque temos que arcar com as consequências do pecado: exposição pública, vergonha, sacrifícios. Temos que voltar atrás e recomeçar do zero, refazer etapas, derrubar tudo para reconstruir em santidade. Tudo isso enquanto nossa carne, o diabo e o mundo dizem que o que importa é ser feliz. É normal ficarmos tristes, mas precisamos olhar por cima da nossa situação e enxergar, mesmo que seja de longe e forçando os olhos no sol da provação, aquilo que Deus pretende fazer em nossa vida. Vimos ontem que Ele quer nos tornar mais e mais parecidos com Jesus; isso não acontece em um dia nem em uma semana, mas com o tempo os frutos de transformação devem vir (observe o contraste entre “no momento” e “mais tarde”). É necessário, porém, que sejamos “exercitados”. E o resultado é justiça (conformidade com a vontade de Deus) e paz (assim como Jesus, no versículo 2, suportou a cruz para receber a alegria).

Talvez você esteja longe de Jesus. Talvez você tenha sido excluído da igreja local da qual já fez parte. Volte, para Jesus e para sua igreja (não altere essa ordem). Porém, se você está “fazendo tudo direitinho”, mas vive cheio de problemas, ore e agradeça: Deus não nos entristece em vão, mas nos ama e deseja nos transformar.

Semana 26 – Quinta-feira

[Hebreus 12.10]

Muitos crentes em nossos dias foram ensinados que o sofrimento é resultado de falta de fé, não parte da correção amorosa de Deus. Oposição, desemprego, doenças na família e outras dificuldades são vistas como obra do diabo, ao passo que o autor de Hebreus queria que seus leitores vissem todas essas coisas como oportunidades de cumprir o propósito que Deus tem para quem Ele salva. Veja como nosso versículo de hoje concorda em palavras e ideias com Romanos 8.28, 29. O que Deus mais quer é o nosso bem, que na sabedoria dEle é que “participemos da sua santidade” (em Hebreus) e sejamos “conformes à imagem de seu Filho” (em Romanos). Nós naturalmente queremos paz e tranquilidade, o céu na terra; Deus quer nos aperfeiçoar para sermos como Jesus. De novo a pergunta de ontem: quem deve estar certo? Infelizmente, vivemos buscando propósitos mundanos; não é à toa que nos sentimos vazios e, na provação, esperneamos como bebês mimados. Por fim, é bom lembrar que Deus não nos criou para o sofrimento, mas que este entrou no pecado com a desobediência de Adão. Nós podemos e devemos aliviar o sofrimento próprio e uns dos outros, quando possível. O que não podemos é desesperar como se Deus tivesse perdido o controle ou não Se importasse. A verdade é justamente o contrário.

Avalie seu coração e pergunte-se o quanto você ama Jesus. O quanto é importante para você ser como Ele? Buscar esse propósito não eliminará o sofrimento, mas dará perspectiva e até alegria em suas provações.