DIÁRIO DE HORA SILENCIOSA

Semana 38 – Quarta-feira

[Provérbios 3.9, 10]

Onde realmente está nosso tesouro? Na igreja moderna, os “primeiros frutos” desse texto são normalmente associados a dízimo, o que não está necessariamente correto. O ato de um israelita separar os primeiros frutos da colheira para o Senhor era uma expressão de completa dependência de Deus. Muito antes de existir Walmart, o início da colheita era um sinal de alívio, após meses sem a entrada de alimentos frescos. Decidir separar daquele alimento e entregar a Deus era um tremendo sinal de honra. Era, na prática, mostrar que nada é meu; tudo pertence a Ele. Reter algo que não é meu, no fim das contas, é roubo. Da nossa parte, gostamos da fórmula Deus + dízimo = [mais dinheiro]², e algumas vezes queremos usá-la quase como um fundo de investimentos. O que Provérbios ensina é que (dependência) + (práticas concretas) = [plenitude]. Provérbios não ensina ganância, mas atitudes práticas de dependência.

Não adianta pedir a Deus mais se não o honramos com aquilo que Ele já nos dá diariamente: nosso tempo, nossa atenção, nosso dinheiro. Deus não precisa de dinheiro, dízimo, investimentos. Ele não precisa de nada, mas quer nosso coração disposto a dar daquilo que nos é mais precioso. Os tesouros de hoje podem ser um pouco diferentes dos primeiros frutos de uma colheita, mas estão por aí. O que hoje você diz que precisa pode ser algo que deve dedicar a Deus.

Semana 38 – Terça-feira

[1 Crônicas 29.11, 12]

Davi queria construir um templo para Deus, um lugar fixo para substituir o “portátil” tabernáculo da época. A resposta de Deus a esse desejo legítimo, vindo do homem segundo o coração de Deus, foi: “Não, você não vai construir um templo para mim”. Em vez de se revoltar ou se indignar, Davi não recebeu esse não como rejeição, mas como a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. A decepção acontece quando nossas expectativas não são atendidas. A expectativa de Davi era fazer algo que glorificasse a Deus. Quando o Senhor respondeu com uma negativa, Davi não pensou naquilo que ele mesmo perderia por não poder cumprir seu desejo; ele entendeu que Deus tinha em Sua negação uma resposta melhor que aquilo que propusera no início.

Entender que tudo que vem de Deus é bênção nos deve fazer repensar expectativas. Nossa decepção acontece quando só esperamos que Deus faça a nossa vontade, e não o que é melhor para nós. Os “nãos” de Deus podem vir em muitas formas, mas entender que dEle vem todo o bem não nos faz ficar decepcionados, mas nos leva a adorar Seu nome, mesmo tristes. Quer algo muito prático? Exalte a Deus por sua bondade nos “nãos” que você já recebeu. Exalte a Deus nos “nãos” que você pode vir a receber hoje.

Semana 38 – Segunda-feira

[Hebreus 11.13-16]

É comum no meio evangélico associarmos o conceito de viver pela fé apenas a missionários que, apesar de não terem sustento garantido, continuam firmes no campo. Bem, viver pela fé é isso, mas não apenas isso. Viver pela fé é ter sua vida inteira passando pelo filtro da sua fé, é viver aquilo em que você crê. Parte do “ser cristão” é entender que preciso viver como quem ainda não chegou aonde realmente pertence, seu próprio lugar. É saber que ninguém que se torna cristão continua pertencendo a este mundo. Somos alienígenas, por assim dizer. Nossas prioridades, nossos alvos, nossas expectativas, nossa honra, nada disso pode ser plenamente suprido neste mundo porque nada dele nos pertence. Estamos de passagem.

A melhor forma de lidar com essa informação não é entrar num ciclo de autocomiseração, autoflagelo ou desânimo por não atingir os padrões bíblicos. Na verdade, este é o momento de você reavaliar o sentido de sua vida e começar a dar os passos práticos certos. Reavalie agora mesmo se suas prioridades para hoje correspondem de fato ao seu destino final. É surpreendente quando constatamos que muitas delas na verdade não são tão prioritárias assim. Foque o céu como destino; é impossível viver alheio às coisas desta vida, mas mesmo estas devem ser encaradas com o foco na eternidade.

Semana 37 – Domingo

[1 João 2.15-17]

Na igreja, é comum ouvir que não se deve amar o mundo e, de fato, é o que a Bíblia diz. Porém, é muito importante compreendermos o que significa esse ensinamento. Na leitura de hoje, “mundo” não se refere ao nosso espaço físico e material, mas ao sistema espiritual maligno guiado por Satanás para se opor a Deus. Esse sistema não pode ser visto, mas rege todo aquele que não foi redimido por Cristo. É nesse contexto de corrupção que se encontram os filhos de Deus, e é onde devem refletir a glória do Pai. No entanto, pelo fato de os filhos ainda habitarem num corpo de pecado, por vezes acabam por flertar com o sistema vigente. E esse amor ao mundo é condenado pelo Deus de amor, pois demonstra devoção e afeto pela corrupção: a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens (v. 16). Considerando que, naturalmente, o coração humano busca satisfação em coisas terrenas, é impossível encontrar alguém que saia sempre ileso dessas tentações. A arma que os santos têm à disposição consiste no amor a Deus, na comunhão com Ele e no Seu Espírito, que os capacita a lutar contra o pecado.

Como você é tentado nas áreas do verso 16? Lembre que seu amor a Deus deve ser maior do que seu afeto e devoção a qualquer outra coisa ou pessoa. Para isso, clame ao Espírito Santo que o capacite a renunciar tudo que toma o lugar de Deus em seu coração e a depositar toda sua satisfação no Senhor.

Semana 37 – Sábado

[Gálatas 5.26]

Assim como em Corinto, também havia conflitos na igreja da Galácia. Nela o problema não era um processo levado a um tribunal, mas intrigas, invejas e provocações entre os irmãos. Mais uma vez o amor fraternal, que deveria ser a marca dos relacionamentos dos remidos em Cristo, estava sendo manchado pelo pecado. Infelizmente, ainda hoje percebemos situações assim. As Escrituras ensinam que devemos considerar os outros superiores a nós mesmos (Fp 2.3), que o exercício dos dons são para a edificação do corpo (1Co 12), que devemos consolar e encorajar uns aos outros na esperança do evangelho (2Co 1.1-3; Hb 3.13); ainda assim as desavenças continuam a quebrar relacionamentos e causar divisões nas igrejas. Quanta fofoca, quanto orgulho, quanta falta de amor: triste realidade que reflete corações que amam este mundo.

Como tem sido sua conduta no seu relacionamento com seus irmãos em Cristo? Você guarda sua língua e seu coração do mal? Ou tem seu coração cheio de críticas, sempre enxergando o que há de ruim nos outros? O amor gracioso que encontramos em Cristo deve ser padrão para os relacionamentos. Ore pelas pessoas difíceis com quem você se relaciona, clame por um coração humilde que considere os outros superiores a si e para que você não seja uma pessoa difícil para alguém.

Semana 37 – Sexta-feira

[1 Coríntios 6.1-8]

Algo muito sério estava acontecendo na igreja de Corinto: irmãos em Cristo estavam levando conflitos não resolvidos a tribunais de descrentes, manchando assim o testemunho da Igreja de Cristo. Paulo diz que aquilo era uma vergonha. Depois de amar a Deus, o segundo maior mandamento é amar ao próximo, que deve ser a marca dos crentes. Na comunidade cristã, isso significa pedir perdão quando se peca, perdoar, demonstrar misericórdia por compreender que o perdão de Deus é maior do que as ofensas dos outros, e até sofrer algum dano para que o amor cristão prevaleça. Em contraste, os coríntios estavam se prendendo a questões desta vida e permitindo que tesouros terrenos motivassem disputas a serem julgados por incrédulos. O apóstolo não está condenando a justiça e o governo de um país, pois em Romanos 13 ele afirma que os santos estão sujeitos às leis humanas e têm o dever de cumpri-las e de se submeter ao seu veredito, quando as infringem. O caso de Corinto era diferente, pois por falta de sabedoria dos envolvidos e da igreja, quem estava acessando as leis humanas desnecessariamente eram os próprios crentes, e uns contra os outros.

Você seria capaz de sofrer um prejuízo e perdoar uma grave ofensa para não manchar o testemunho de Cristo? Por que então não perdoamos ofensas menores? Parece loucura? Pois é assim que o mundo pensa. Por isso o padrão do evangelho só pode ser vivido pela capacitação de Cristo.

Semana 37 – Quinta-feira

[Deuteronômio 18.9]

O Antigo Testamento narra toda a trajetória dos israelitas em seu relacionamento com Deus, e o livro de Deuteronômio é um dos aspectos desse relacionamento, como registro da lei de Deus. Foi escrito quando eles estavam a caminho da terra prometida, e entregue por meio de Moisés para que o povo soubesse como proceder como nação santa quando chegassem lá. Uma dessas instruções é o texto em questão, que expressa o desígnio divino de que os israelitas não se envolvessem com as nações que habitavam em Canaã, nações pagãs que praticavam a prostituição e sacrifícios humanos. Deus sabia que, sob influência, Seu povo poderia se corromper (o que acabou acontecendo mais tarde). Naquele tempo, ser de Israel significava temer a Deus, diferente dos povos estrangeiros. Hoje ser cristão significa temer a Deus, diferente dos incrédulos, que têm o coração duro. Deus nos alerta sobre o perigo de nos associarmos com aqueles que não creem, pois más companhias podem levar o crente a enxergar o pecado como normal e corriqueiro.

Tenha muito cuidado com os relacionamentos que você estabelece com não cristãos. Que sirvam para você testemunhar do amor de Deus, mas cuidado para que não se tornem íntimos o bastante para lhe corromper o coração. Um crente e um não crente têm naturezas espirituais diferentes e conflitantes, e isso é muito sério aos olhos de Deus.