DIÁRIO DE HORA SILENCIOSA

Semana 6 – Sexta-feira

[Romanos 10.14-17]

Atualmente o movimento “gospel” tem focado especialmente a adoração por meio da música. Certamente, a adoração é o centro da vida da igreja, mas o que é central na adoração? A resposta é: a pregação da Palavra de Deus. Nosso cristianismo superficial gerou um descaso pela pregação da Palavra, e vice-versa. Quando a pregação não tem conteúdo, a igreja fica desprovida das Escrituras, e sua saúde e fidelidade começam a minguar. João Crisóstomo, um dos pais da igreja, deixou o legado da boa pregação. Promoveu o estilo de exposição literal da Bíblia e foi um dos primeiros líderes da igreja a se levantar corajosamente diante dos governantes e dizer: “Assim diz o Senhor…” Cumpriu seu ofício com tanto esmero, destreza e esplendor que assegurou para si o título do maior orador da história, conhecido como “boca de ouro”. João Crisóstomo pregou a Palavra fielmente e se manteve fiel mesmo quando foi exilado por pregar a verdade. Não tinha mais um púlpito, mas tinha uma caneta, legando-nos também seus muitos escritos.

Como lemos na Bíblia, a fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus. Não podemos ser ingênuos e esperar que a nossa fé seja fortalecida de outra forma, trocando a Palavra de Deus por outra fonte. Precisamos urgentemente estudar as Escrituras e vivê-las, para que a nossa pregação seja fruto da Palavra de Deus em nós.

Semana 6 – Quinta-feira

[2 Timóteo 2.1, 2]

Conhecimento ou apenas fé? Alguns creem que o conhecimento e o estudo da Palavra de Deus são indispensáveis para o relacionamento com Deus; outros defendem que apenas a fé é suficiente para a vida cristã, dispensando um estudo sistemático das Bíblia. Atanásio vivia comprometido em defender a divindade de Cristo e a suficiência das Escrituras. Nascido no Egito, na cidade de Alexandria, gozou de uma ótima educação secular. Embora fosse bem educado nas ideias e filosofias da sua época, confessou que a sua educação na fé cristã foi de melhor proveito para ele, e deixou um legado dos mais valiosos para a consolidação do cristianismo no Império Romano. Antes de virar um gigante da ortodoxia, Atanásio passou quase uma década sendo educado pela instrução e exemplo de Alexandre, um fiel pastor. O mandamento de Paulo em 2Timóteo 2.2 foi importantíssimo para a educação de Timóteo, de Atanásio, e de outros até os dias de hoje.

Para sermos fiéis à Palavra e amarmos a Cristo, precisamos meditar nas Escrituras e estudá-las em profundidade. Hoje, há muitos que rejeitam a necessidade de estruturas doutrinárias, preferindo apenas “crer na Bíblia”. Doutrinas são necessárias para comunicar e ensinar verdades bíblicas. Atanásio escreveu comentários bíblicos e nos deu uma das primeiras formulações de teologia sistemática em sua defesa da divindade de Cristo. O raciocínio e a pedagogia, quando servos das Escrituras, são aliados poderosos e apropriados na luta contra heresias.

Semana 6 – Quarta-feira

[Romanos 14.7, 8]

No último diálogo do filme O Último Samurai, o imperador pergunta ao capitão Nathan Algren como o líder dos samurais havia morrido. A resposta, “Eu vou dizer como ele viveu!” destaca que, na perspectiva do capitão, sua vida havia sido mais marcante. Diferentemente, as principais informações que temos sobre Policarpo, bispo de Esmirna, não dizem respeito a como ele viveu, mas a como morreu. Policarpo se manteve firme quando, diante do procônsul, foi solicitado declarar “Abaixo os ateus!” (Como eram chamados os cristãos, por não adorarem os deuses pagãos.) Policarpo olhou severamente para a multidão de pagãos cruéis no estádio e, apontando para eles, disse: “Abaixo os ateus!” Incitado a amaldiçoar o Cristo, respondeu: “Eu O sirvo há oitenta e seis anos, e Ele não me fez nenhum mal. Como poderia blasfemar contra meu rei que me salvou? Eu sou um crente!” Como consequência, foi executado.

Policarpo não nos deixou muitos escritos, mas seu exemplo de fé e ortodoxia continua a fortalecer cristãos, lembrando-os de que “se sofrermos por causa do Seu nome, O glorificaremos”. Nos versos de hoje, Paulo conforta e consola os fiéis que teriam que enfrentar torturas e condenações. Suas palavras são tão poderosas que, ao longo da história, amenizaram a dor e o sofrimento de diversos cristãos à beira da morte. Como o Senhor Jesus nos ensinou, os bem-aventurados devem esperar perseguição. Mas nosso Mestre também garante que haverá grande recompensa nos céus! Avante, fiéis!

Semana 6 – Terça-feira

[1 Timóteo 2.5]

O que você pensaria se ouvisse que Jesus apenas aparentava ser humano, e que Seus sofrimentos e morte não foram reais? “Se ele sofreu, não era Deus; se era Deus, não sofreu”. Estranho, não?! Esse ensino, o docetismo, era uma das heresias do final do primeiro século, atacada inclusive pelo apóstolo João (1Jo 4.2; 2Jo 7). Dentre o legado dos pais da igreja, Inácio de Antioquia, bispo da igreja naquele local, se destaca na defesa da sã doutrina. Ele escreveu seis cartas para as igrejas da região e uma para um colega bispo, Policarpo. Em suas cartas, Inácio argumenta que negar a humanidade de Cristo é um erro tão grave quanto negar Sua divindade. Se Jesus não é Deus e humano, não pode mediar entre Deus e humanos, como lemos em nosso texto (1Tm 2.5). Negar a verdadeira humanidade de Cristo é negar a base de nossa reconciliação com Deus.

Crer corretamente é essencial para termos uma relação correta com Deus. Como assim? Se focarmos apenas a divindade de Jesus, nossa devoção será farisaica, legalista, moralista e religiosa, não levando em conta que Jesus chorou e teve compaixão das pessoas. Se focarmos apenas Sua humanidade, nossa devoção será carnal, humanista e libertina, sem considerar que Deus é santo e chama os salvos para crescerem em santidade.

Semana 6 – Segunda-feira

[Filipenses 2.1-11]

Imagine ser amarrado a uma âncora e lançado ao mar. Segundo a história, esse foi o destino que se abateu sobre Clemente de Roma, considerado o primeiro Pai da Igreja. Não há muita informação sobre ele e sobre a razão de sua execução, mas certamente ele se levantou para defender a verdade e pagou com a vida. Alguns de seus escritos fornecem uma visão valiosa sobre a igreja primitiva. Sua carta à igreja de Corinto pode ser o documento mais antigo que temos do lado de fora do Novo Testamento. Aquela igreja ainda estava tendo os mesmos tipos de problemas com imoralidade sexual e lutas internas que o apóstolo Paulo tratara em suas cartas. Como os problemas persistiram, Clemente enviou uma carta chamando-os à paz, renovando sua fé, e proclamando a doutrina que ele tinha recentemente recebido dos apóstolos.

É fácil idealizar a igreja primitiva e pensar que a sua comunhão era pura e inabalável. Clemente nos lembra que lutou com as mesmas tentações que nós: discórdias na igreja, facções divisões entre os irmãos. Por causa da nossa justificação e de tudo o que Deus fez por nós, vamos correr com toda a energia e prontidão de espírito para realizar toda boa obra. Da mesma forma, Paulo instruiu os cristãos da igreja de Filipos a viverem em harmonia, tendo atitudes de servo, como fez Cristo Jesus. Para o cristão, não deve haver lugar para o egoísmo ou a autopromoção; antes, devemos trabalhar em conjunto, com toda a harmonia e paz.

Semana 5 – Domingo

[Neemias 8.1-18]

Com os muros construídos, o povo se sente mais em paz e segurança (último versículo do capítulo 7). No primeiro dia do sétimo mês, eles se reúnem numa praça e pedem para Esdras ler a Lei. Passam a manhã toda ouvindo a leitura, adorando o Senhor e recebendo instrução. Como resultado, choram, talvez sentindo a culpa pela desobediência. Mas Neemias, Esdras e os levitas lembram o povo que nesse dia eles devem se regozijar (comer, beber, compartilhar e comemorar com alegria; veja essa festa em Levítico 23.24). Eles tinham muito para celebrar com o término da construção e a leitura da Lei. Depois, comemoram a festa dos tabernáculos – sete dias de mais leitura e de morar em tendas para se lembrarem do cuidado de Deus quando o povo saiu do Egito e atravessou o deserto.

No próximo culto da sua igreja, preste atenção à leitura e à pregação da Palavra, para que ela o impacte assim como impactou o povo na praça. Aplique Salmo 139.23, 24 à sua vida hoje, não só entristecendo-se, mas fazendo o que é certo. Por fim, aceite o desafio de ficar alegre. Gálatas 5.22 mostra que a alegria é fruto do Espírito; uma vez que o pecado na sua vida esteja acertado, o Espírito tem liberdade para produzir Seu fruto. Essa é a mesma sequência que vemos em Neemias 8.

Semana 5 – Sábado

[Neemias 13.1-21]

Neste capítulo, vemos claramente o contraste entre o padrão de Deus e a prática dos homens. Foi na leitura da Palavra que o povo percebeu a sua desobediência a Deus associando-se com o povo pagão. Neemias havia se ausentado de Jerusalém por um tempo, e quando voltou descobriu os tristes resultados do envolvimento dos judeus com o povo de fora. Veja nos versículos 4, 5 e 10 o resultado da mistura judeu + pagão com relação ao templo. Veja nos versículos 16 a 18 o resultado da negligência com relação ao sábado. E observe nos versículos 23 e 24 o resultado dos casamentos mistos. Perante tão grande negligência do padrão de Deus e tão fácil aceitação das práticas dos pagãos, não é de estranhar a ira de Neemias e a sua dependência de Deus demonstrada nas quatro orações relâmpago dos versículos 14, 22, 30 e 31. Neste último capítulo do livro, percebemos que o zelo de Neemias para com o povo era tão grande quanto seu esforço na construção dos muros na primeira metade do livro.

Até que ponto você segue o padrão de Deus em vez da prática dos homens? Seus colegas têm mais influência sobre você do que os ensinamentos das Escrituras? Este é o valor da hora silenciosa. Conforme você se disciplina em ser constante na leitura e aplicação do conteúdo da Bíblia, você pode ser um Neemias, e não um Eliasibe.