DIÁRIO DE HORA SILENCIOSA

Semana 45 – Quarta-feira

[Salmos 94.1-11]

Há vários anos, a produtora de filmes Marvel Studios tem feito um sucesso enorme com os filmes da franquia Vingadores. Para quem não sabe, os Vingadores são heróis poderosos que defendem e “vingam” a população da terra. Em certo sentido, Deus é semelhante a eles, pois pune o mal e protege aqueles que têm um relacionamento de aliança com Ele. É diferente, porém, no sentido que é o único vingador que existe! No salmo de hoje, vemos uma razão muito importante para colocarmos a nossa esperança em Deus: Ele é o vingador (v. 1)! No mundo caído em que vivemos, temos a tendência orgulhosa e a autossuficiente de tentar ser nossos próprios vingadores e buscar fazer justiça com nossas próprias mãos. Essa não é a atitude do salmista e não deve ser a nossa. O sofrimento dele diante dos ímpios o leva a clamar ao Deus vingador, pedindo que Ele Se levante e julgue a terra. É um clamor humilde e confiante que reconhece sua posição de criatura diante do criador soberano e juiz (v. 2). É uma oração que também reconhece Deus como o único que tem o caráter e a posição para resplandecer e Se exaltar (vv. 1, 2).

Os versículos 8 a 11 indicam que a característica predominante do ímpio é a insensatez e falta de sabedoria (vv. 8, 10, 11). Aqueles que seguem a Jesus Cristo não são tolos, pois reconhecem que Deus é sábio, soberano e vingador (vv. 1, 2, 10). Seja sábio em Cristo e entregue a Deus seus “inimigos”, orando para que se arrependam antes de enfrentarem o juízo de Deus.

Semana 45 – Terça-feira

[Salmos 72.1-20]

O salmo no qual meditaremos hoje foi escrito de um rei para outro Rei. O rei Salomão é o autor do salmo, porém, ele provavelmente compilou informações já deixadas numa oração de seu pai, o rei Davi (v. 20). Os povos ao redor de Israel tinham reis dominadores e autoritários que governavam de acordo com a própria vontade, porém o rei de Israel deveria governar refletindo o caráter de Deus (vv. 1-4). Por isso, antes de tudo, a oração deste salmo foi feita para o Rei do reis, o próprio Deus (vv. 18-20). É importante notar na leitura que, por mais que ele descreva também o reinado de Davi e de Salomão, às vezes os pedidos do salmista parecem não se encaixar totalmente com esses reinados. Por exemplo, o verso 14 diz que o rei salva seu povo da violência, porém conhecemos bem a narrativa do adultério de Davi, que o levou a matar Urias, em vez de salvá-lo. Portanto, esse salmo também apontava para o futuro, quando o justo rei Jesus Cristo (v. 7) deu Sua vida em resgate do Seu povo (vv. 12-14), ressuscitou pelo poder de Deus (v. 18) e estabelecerá um reino eterno de paz, após destruir os ímpios (vv. 5-11, 15-19).

Tanto empresas como nações têm diversas formas de governo e de entender autoridade. O rei Jesus é nosso exemplo máximo de como uma pessoa deve exercer sua liderança. Liste numa coluna algumas características que o mundo admira numa liderança, e na outra as características de um líder que busca imitar o rei Jesus Cristo.

Semana 45 – Segunda-feira

[Salmos 46.1-11]

No salmo de hoje, continuamos vendo que a esperança do autor está somente em Deus, pois Ele é a resposta de que precisamos nos momentos em que perdemos o chão (v. 1). Por isso o salmista não teme, pois confia no Deus único, imutável, glorioso e belo (v. 2). A descrição que o salmista faz de Deus está ligada ao caráter e as obras do Senhor. Ele é um Deus justo (v. 9), mas também gracioso (v. 7). É um Deus glorioso (vv. 10), mas também atento às nossas necessidades (v. 1). Suas obras revelam Seu poder incomparável (v. 6, 8, 9) contra os ímpios e as demais nações, mas também Sua provisão de bondade e misericórdia para Seu povo da aliança (vv. 4, 5, 7, 10). A ênfase principal do salmo, porém, é o fato de o Deus de Jacó habitar com o Seu povo. O relacionamento que temos com Deus se assemelha ao relacionamento de Deus com Jacó. Assim como Jacó, todos nós pecamos e tentamos enganar a Deus e o próximo (Rm 3.23). Além disso, aqueles que receberam o novo nascimento são aqueles que creem no Senhor e recebem uma nova identidade, assim como Jacó recebeu. A esperança certa do cristão está no fato de que o próprio Deus habita conosco por meio de Cristo Jesus, nosso salvador gracioso.

O Deus de Jacó, o Senhor da glória, habita com pecadores perdoados somente pela Sua misericórdia em Cristo Jesus (Rm 3.24-26). Liste algumas atitudes que devemos ter diante desse fato.

Semana 44 – Domingo

[2 Coríntios 11.16-31]

Se tem um texto intrigante do Novo Testamento, é esse! Quando isolado, parece contradizer o que a Bíblia ensina sobre contentamento (Fp 4.4; 1Ts 5.16, 18). Paulo faz uma lista enorme das dificuldades que enfrentou por servir a Deus com fidelidade. O cômico, para não dizer trágico, é que na sua história pré-conversão, a coisa era bem diferente. Profissionalmente, Paulo era reconhecido como parte da elite acadêmica de Jerusalém (At 22.2-5) e possível sucessor de Gamaliel. Porém, depois que foi ao chão na estrada de Damasco, sua vida virou completamente: “Este homem é meu instrumento escolhido […] mostrarei a ele o quanto deve SOFRER pelo meu nome” (Atos 9.15, 16 – destaque nosso). Com isso em mente, leia o texto-base outra vez. Faz mais sentido? As pressões externas (vv. 23-27) e internas (vv. 28, 29) se juntavam à dor da rejeição pessoal pelos coríntios, que desprezavam Paulo em troca de autointitulados “superapóstolos” (2Co 11.5, 13).

Se fosse hoje, alguém diria que Paulo não era crente, que estava debaixo de maldição, ou que tinha pecado escondido. Tanto sofrimento não pode ser a vontade de Deus! É assim que você entende a vida cristã? Pois saiba que Deus incluiu o sofrimento como parte do Seu plano perfeito para atingir objetivos particulares na vida do servo fiel. No caso de Paulo, o plano era que ele aprendesse a perspectiva correta de sucesso e que fosse humilde e dependente do Senhor (2Co 11.30). E você, como reage quando a coisa “fica feia” para o seu lado?

Semana 44 – Sábado

[Lucas 6.26]

Jesus dá um “direto de direita” no queixo dos adeptos da vida mansa, aqueles que querem ser crentes do tipo agente secreto. Estes são os que se mantém incógnitos e passam incólume pelas quebradas da vida, como camaleões gospel. Elogiados por todos, esses diplomatas são na verdade denunciados por Jesus como gente covarde e sem espinha dorsal. E o “ai” de Jesus expressa uma forte reprovação contra quem faz o jogo do mundo, deixando-se seduzir por seus valores, identificando-se tanto com os descrentes que recebe tapinhas nas costas por ser alguém descolado, diferente dos crentes tradicionais. (Os rótulos variam, mas a atitude é a mesma.) Quem é assim é comparado a um falso profeta, alguém que leva uma mensagem que não procede de Deus ((Dt 18.20-22), já condenados pela própria lei de Moisés (Dt 13.5).

Você percebe a gravidade da acusação de Jesus? A vida e a mensagem dos Seus interlocutores naturalmente denunciavam umestilo de vida contrário a Deus. A contrapartida, porém, é Jesus mesmo, o profeta perfeito que, por ter sido fiel, foi perseguido até a morte (Fp 2.6-8). E Jesus nos avisa que esse será o destino de quem O seguir de perto: se fizeram mal à vara verde, por que seria diferente conosco? Se você não sofre nenhuma rejeição, talvez seja porque não vive de fato como crente.

Semana 44 – Sexta-feira

[Lucas 6.22-23]

O Sermão do Monte é o código civil do reino de Deus. Ele é contracultural, como observou John Stott. No texto de hoje, Jesus revisita e elabora alguns dos seus conceitos em outro lugar, para outra plateia (v. 17). Tem gente que acha que isso só é possível de viver no céu, mas não é essa a proposta de Jesus. Essas bem-aventuranças são o caminho da felicidade na terra, o que é um paradoxo, um mistério. Cada uma descreve um tipo sofrimento, acompanhado pela correspondente promessa divina (vv.20-22). No céu não haverá sofrimento; então, Lucas 6 é para você e para mim, aqui e agora. Jesus é bastante realista: Ele promete perseguição em forma de rejeição por causa da identificação com Ele. Isso aconteceu no primeiro século e ainda acontece hoje, em maior ou menor grau. Pode ser uma gozação contra o jovem que decide casar virgem para a glória de Deus, ou a perda do emprego por recusar-se a mentir. Sofrer por ser piedoso está no programa de Deus para todos os cristãos (2Tm 3.12).

A rejeição e a perseguição são o cartão de identificação do crente verdadeiro (Lc 6.23). É por isso que Jesus fala de alegria extrema: se você está sendo perseguido, você é um filho de Deus genuíno, que continua a longa linhagem dos santos do passado, os profetas. E, como eles, será recompensado pelo próprio Deus, no grande dia da virada. Anime-se: Deus sabe que você está sofrendo, mas promete ajudá-lo na angústia (2 Pe 2.9). Alegre-se nessa esperança.

Semana 44 – Quinta-feira

[1 Pedro 2.18-25]

Para se viver o padrão cristão de sofrer injustiça do jeito de Deus, é imprescindível estar em Cristo. Não é para religiosos nem “amigos do evangelho”, mas se você anda com o Senhor, está qualificado (2Pe 1.3-11). O conceito-chave aqui é a mansidão, um dos mais distorcidos da Bíblia. Ser manso é ter força sob controle, é dominar os próprios impulsos. E é fruto do Espírito (Gl 5.22). Quando somos injustiçados, podemos nos inflar até ficarmos gigantes. Como advogados em defesa-própria, armamos nossos discursos e partimos para o ataque. Pensamos, falamos e agimos como em um “vale-tudo” para defender nossa reputação e direitos. Que diferença do modelo de Jesus. Isaías 53, o texto profético que inspirou Pedro, mostra um tremendo paradoxo: o Todo-poderoso Se calou diante das calúnias; não Se defendeu nem atacou. Ele não pecou (vv. 22, 23a).

Como isso é possível? Consciência. Jesus sabia quem era e a que tinha vindo. Era o Filho de Deus, o mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5). Para cumprir Sua vocação, importava sofrer injustiças. E Ele estava cheio do mesmo Espírito que habita em nós (Lc 3.22; Ef 5.18). Pedro nos conscientiza de quem somos: servos que cumprem a vontade de Deus no sofrimento (1Pe 2.20b). E nos dá o “gabarito”: Jesus reagia com mansidão porque confiava toda a Sua vida ao Pai, o justo juiz (1Pe 2.24). Esse é o segredo. Você está sofrendo injustamente? Ore (Tg 5.13). Sua honra depende de Deus tanto quanto sua salvação (Sl 62.7).